Muitos agricultores que sobrevivem do que colhem em suas lavouras estão sendo obrigados a reduzir a quantidade de vezes e o turno do dia em que irrigam a terra. E a perspectiva não é animadora. Os baixos índices de chuva nesta época já comprometem o nível de rios, açudes e até a vazão de água em poços artesianos.
O produtor Volmir Dullius, 49 anos, perdeu de 25% a 30% das culturas de alface, couve-verde e pepino na lavoura da família em São Sebastião do Caí.
—Tenho três açudes, mas todos estão bem abaixo do nível normal. Eu regava a terra duas vezes por dia. Agora tenho molhado apenas uma vez —, lamenta o agricultor, que comercializa hortifrútis na Ceasa desde 1986, como o pai, e a partir 1995, como responsável pelo negócio.
Francis Kremer, 34 anos, de Feliz, também mudou a estratégia de uso do poço artesiano que colabora para manter o teor de umidade adequado ao solo e atender à necessidade das culturas. Apesar da produção em estufas, morangos e pimentões verdes sofrem a falta de irrigação com maior frequência. Antes da seca, eu trazia de 80 a cem caixas de morangos para a Ceasa. Ontem, trouxe apenas 14.
— Com o sol, a fruta fica miúda, feia, deformada, e o pimentão queima bastante também – queixou-se o agricultor.
Francis afirma que nunca faltou água no seu poço artesiano, mas está economizando o máximo que pode.
– Antes, eu molhava de três a quatro vezes ao dia. Agora, faço isso apenas duas vezes e, de preferência, à noite, para que a água fique retida no solo por mais tempo —, explicou.
Gerente técnico da Ceasa, Claiton Colvelo descarta o risco de desabastecimento de hortigranjeiros. Segundo ele, as chuvas isoladas que ocorreram nas últimas semanas amenizaram os estragos, embora as hortaliças verdes e o tomate tenham sofrido bastante, inclusive com majoração nos preços em virtude do menor rendimento nas lavouras.
(*) Dados do dia 7 de fevereiro de 2023.
Foto de Francis Kremer
Tatiane e Francis, de Feliz.
Volmir Dullius, de São Sebastião do Caí.