Não é apenas por necessidade. É também um dom, uma missão. Quase um chamado para aqueles que trabalham na atividade primária da economia, plantando e colhendo frutas, hortaliças e vegetais que abastecem o mercado e alimentam a população. Erio Becker, 65 anos de idade e há mais de 20 na Ceasa, é desse time de agricultores. Homem do campo, que não nega as raízes, Erio continua sujando as mãos na lavoura porque sabe o valor e o tamanho desse gesto. Afinal, o que cresce da terra vem do coração.
O amor ao trabalho transparece no olhar e em cada palavra escolhida pelo produtor rural ao falar sobre o nobre ofício. Na propriedade de dez hectares que mantém em São José do Hortêncio, no Vale do Caí, Erio, a esposa Márcia, 49 anos, e o filho Marcelo, de 27, contam com a ajuda de vizinhos para cultivar morango, pepino salada, pimentão, abobrinha, alface, brócolis, repolho, couve e, de dois anos para cá, melão espanhol.
— É a minha vida, não sei viver sem isso, está no sangue. Não consigo me imaginar fora da Ceasa, adoro isso aqui. Dos dez hectares, pelo menos quatro estão em área coberta, cultivo protegido. Minha mulher, meu filho e os vizinhos ajudam nas lidas do campo. Tenho orgulho do Marcelo, que segue na agricultura, pois sei que filhos de outros amigos agricultores já não querem mais trabalhar com isso. O serviço é pesado — acrescentou o permissionário.
No Pavilhão dos Produtores, Erio ocupa o módulo 4G. Na época de safra, chega a transportar 150 caixas só de pimentão, vendidas na “Pedra”, apelido do pavilhão. O que sobra é negociado com atacadistas. Convivendo há mais de duas décadas com outros agricultores, Erio fez muitos amigos. Alguns são de São José do Hortêncio, outros da vizinha São Sebastião do Caí e de outras cidades. Em relação ao mercado, o permissionário elogia a segurança. Segundo ele, um dos pontos que melhoraram no complexo.
— Hoje me sinto mais seguro, e isso é muito importante para nós — afirma.
Quando não está na Ceasa negociando o que foi produzido na propriedade da família, o agricultor gosta de pegar a estrada com outro objetivo. Aos sábados e domingos, em vez de transportar milhares de hortifrútis, como faz durante a semana, Erio passeia com a esposa pela Serra gaúcha, pois sabe que as primeiras horas da madrugada de segunda-feira o trarão de volta à rotina, e começará tudo de novo, na atividade que escolheu como força de trabalho, como forma de viver.
As fotos da propriedade dos Becker são do acervo da família.