Gilberto Agia Moysés, 65 anos
Descendente de sírio-libaneses, o empresário Gilberto Agia Moysés, 65 anos, guarda na memória a imagem daquele guri de calças curtas que acompanhava o pai, Mansur Borges Moysés, no então Mercado Livre, um prédio art déco do começo do século passado que abrigava bancas de frutas e verduras no centro da Capital.
Sua lembrança, claro, é da virada dos anos 1950/60 quando era pequeno e ficava observando a movimentação intensa de compra e venda de hortifrútis no interior do edifício, com pé direito alto e amplas janelas, que ficava ao lado do Mercado Público Central, seu ilustre vizinho.
“Eu tinha cinco anos. Aos domingos ia junto com ele para aquele local, à beira do Guaíba. Naquela época uma ligação para comprar mercadorias em São Paulo tinha de ser solicitada para telefonista e demorava cerca de duas horas para ser feita”, recorda o atacadista.
No lado de fora do prédio, revendedores se aglomeravam nas madrugadas frias para adquirir produtos agrícolas frescos. Mal sabia ele que aqueles seriam os primeiros passos na atividade que exerceria pelo resto da vida, seguindo as pegadas deixadas pelo pai.
Moysés, como é conhecido, também frequentou com Seu Mansur o mercado a céu aberto no bairro Praia de Belas antes de a empresa se transferir, no começo dos anos 1970, para a atual sede da Ceasa na zona norte da Capital. Os segredos e macetes, que aprendeu com o pai, hoje são repassados para os filhos Samyr, 30 anos, e Mansur, com 28.
“Costumo dizer que nasci no mercado. Na verdade, passo mais tempo aqui do que em casa. Nos anos 1980, cheguei a viajar de caminhão para São Paulo e fui até ao Mercado Modelo, em Montevidéu, no Uruguai, para conhecer esta outra etapa do processo. Continuo chegando cedo aqui, por volta das 5h, outras vezes às 7h. Depois vou pra casa e deixo a empresa com meus filhos, mas sempre retorno no período da tarde”.
Criada em 1953, a M. B. Moysés & Cia. Ltda está há 46 anos na Ceasa. Começou com dois boxes e hoje ocupa quatro no Pavilhão A1 (boxes 6,7,8 e 9), e um depósito no setor Sul. Tem 25 funcionários e mantém parceria com produtores para cultivo dos alimentos que vende. Tomates Longa Vida e Italiano representam 70% das vendas, mas eles também comercializam chuchu, pepino, pimentão, vagem, abobrinha e outros legumes.
“É preciso tratar o cliente com transparência e respeito para obter sua confiança”, ensina o experiente empresário.
Moysés integra a atual diretoria da Associação dos Produtores e há dez anos participa, por indicação da entidade, do Conselho de Administração da Ceasa.