Atacadista Destaque

Braulino Silveira Escobar, 80 anos.

Quem olha para este senhor magro e de estatura mediana, mas com agilidade de guri, não imagina que ele tenha, sim, 80 anos — 59 deles dedicados ao comércio de alimentos. Observando-o mais de perto, percebe-se que o peso da idade em nada lhe incomoda, só estimula e anima.

Aos 21 anos, Bráulio, como é conhecido, já varava madrugadas para levar hortifrútis aos clientes que chegavam cedo à Ceasa quando esta funcionava, de forma precária, no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre. Em 1967, já como atacadista, mandou vir de São Paulo seu primeiro carrinho para facilitar as entregas.

— Naquela época eu dormia em cima de caixas de madeiras vazias, passava de seis a sete horas exposto ao relento — lembra.

Em 1973, o ceasista chegou bem estruturado à nova sede do maior entreposto de hortifrutigranjeiros do Estado. Tinha uma pequena frota de caminhões, veículos que ele mesmo conduzia ao cruzar o país de Norte a Sul em busca das melhores frutas e legumes para revender aqui. Daí por diante administrou dois objetivos: trabalho intenso e visão empreendedora.

— Quando entrei na nova Ceasa, eu tinha seis caminhões. Hoje, tenho 14, seis deles são carretas — revela o proprietário da Bráulio Comercial Ltda, empresa com cerca de 20 funcionários.

Bráulio posa com orgulho ao lado das caixas de tomates nos boxes do Pavilhão A-3. O tomate, claro, é o carro-chefe, mas o mix de produtos da empresa é incrementado por legumes que busca em vários estados brasileiros.

Razões para o sucesso em um mercado tão competitivo ele não têm, mas arrisca um palpite:

— Só quero ir até onde enxergo. É preciso ser honesto com as pessoas e entregar o que foi prometido. Cumprir o que foi tratado é fundamental para zelar teu nome — ensina o mais antigo atacadista cadastrado na Ceasa.