Banco de Alimentos é selecionado por Ministério

Laureado em 2004 e reconhecido novamente em 2017 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como um dos melhores programas de combate à miséria e reinserção social de dependentes químicos no Brasil, o Prato Para Todos (em 2004, chamava-se Tá No Prato) volta a ser destaque nacional.

Na semana passada, o Banco de Alimentos da Ceasa/RS —que coordena o programa — foi um dos cinco modelos de gestão selecionados entre os 63 analisados pelo Ministério da Cidadania na Região Sul para elaboração de um manual de boas práticas.

O Prato Para Todos é um dos pilares da administração da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul), sociedade de economia mista vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.

Visita técnica

Duas técnicas do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) foram contratadas pelo ministério para fazer a vistoria e análise dos bancos de alimentos selecionados. Segundo a engenheira de alimentos Alcione Silva e a economista Alessandra Azevedo, o banco de alimentos da Ceasa foi escolhido por sua performance logística e cadeia de suprimentos.

Por intermédio do Prato Para Todos, o banco distribui hortifrútis doados pelos permissionários (produtores e atacadistas) para cerca de 300 instituições carentes e 200 famílias de baixa renda, pondo alimento na mesa de cerca de 50 mil pessoas todos os meses.

Durante três dias do final de agosto, Alcione e Alessandra conheceram o programa social da Ceasa. Elas visitaram o Pavilhão dos Produtores e os boxes das empresas atacadistas que doam as frutas, legumes e verduras para o programa, e acompanharam a distribuição gratuita de hortifrutigranjeiros para entidades assistenciais e para a população de baixa renda.

Distribuição gratuita de hortifrútis

Nas fotos, as técnicas do IICA e o presidente da Ceasa-RS, Ailton dos Santos Machado, conferem a entrega dos kits de hortifrútis para as pessoas cadastradas (aposentados, donas de casa, desempregados, etc.) no Prato Para Todos. Além de conhecer o banco de alimentos, a engenheira nutricional e a economista do Instituto visitaram entidades atendidas pela Ceasa-RS.

Segundo Alcione, esta é a segunda etapa do Projeto de Cooperação Técnica Internacional — Segurança Alimentar e Nutricional: a disponibilidade e o acesso a alimentos saudáveis e o combate à pobreza rural — realizado pelo Ministério da Cidadania em parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e o IICA.

Esse projeto tem o objetivo de gerar condições e oferecer instrumentos para redução das perdas e do desperdício de alimentos, mediante oferta de crédito e assistência para municípios, cooperativas, agricultores e outros atores da cadeia de produção e comercialização de alimentos.

“O objetivo geral é contribuir para a promoção do abastecimento e o acesso da população brasileira a uma alimentação adequada e saudável; a inclusão produtiva rural; e a ampliação do acesso a água no meio rural”, conclui Alcione.

Representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic ficou impressionado

O representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês Food and Agriculture Organization), Alan Bojanic, visitou a Ceasa e conheçeu programa Prato Para Todos em junho de 2017.

Durante a visita, Alan acompanhou o dia a dia do programa, desde a arrecadação dos alimentos até a distribuição para as entidades sociais cadastradas. Bojanic ainda assistiu a uma oficina de combate ao desperdício de alimentos oferecida no ônibus-escola do programa, ministrada por nutricionistas do Sesc-RS.

Os cursos que a Ceasa desenvolve, principalmente nas regiões mais carentes da cidade, ensinam a aproveitar o alimento em sua integralidade, representando uma economia de 30% a 40%. O que antes ia para a lata de lixo, como cascas, talos e ramas, hoje vão para saborosas receitas.

“Saio hoje impressionado e que este programa sirva de exemplo para todo o Brasil e para todos os países que represento e que apresentam uma linha de miséria igual ou maior do que a do Brasil”, afirmou Bojanic, na época.

Programa, com outro nome, recebeu chancela da ONU em 2004

No ano seguinte à sua implantação, o programa social Tá no Prato (hoje Prato Para Todos) recebeu a Chancela da ONU, através da FAO Brasil (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação no Brasil). A chancela, entregue em 2004, significou a indicação do Tá no Prato como exemplo de política pública na área de segurança alimentar. Pela primeira vez um programa de assistência alimentar do Rio Grande do Sul recebeu o reconhecimento.

Saiba mais 

O programa tem três eixos:

Assistência alimentar

 Distribuição de hortifrutigranjeiros excedentes doados por produtores e atacadistas para cerca de 300 beneficiados (creches comunitárias, instituições filantrópicas, asilos e entidades oficialmente registradas que tratem de crianças ou pessoas em vulnerabilidade social). As entidades retiram os alimentos uma vez por semana na Ceasa.

— Distribuição de alimentos no portão da Ceasa. Entrega de kits com hortifrútis para a população de baixa renda cadastrada no programa social. São beneficiadas cerca de 200 famílias. Na fila, geralmente estão idosos, donas de casa, aposentados e desempregados. A entrega dos kits é feita às quartas, quintas e sextas-feiras pela manhã.

Ação educacional

— O eixo educacional é composto por um ônibus-escola equipado com uma cozinha industrial, com capacidade para 24 lugares, doado pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre. No ônibus-escola uma equipe de nutricionistas do Sesc oferece oficinas de combate ao desperdício e aproveitamento de alimentos. São ensinadas receitas de aproveitamento integral dos alimentos, utilizando casca, folhas, talos e outras partes que normalmente são descartadas no lixo. O reaproveitamento representa uma economia de 30% a 50% no orçamento familiar. Mais de oito mil pessoas foram capacitadas em cerca de 300 oficinas realizadas em bairros, vilas, entidades sociais, associações comunitárias e órgãos públicos.

Reinserção social

— O eixo de reinserção social está relacionado com as comunidades terapêuticas, com pessoas que já concluíram o tratamento contra drogas e alcoolismo. São voluntários que prestam serviços ao programa, como arrecadação, seleção e distribuição de alimentos às entidades. Os voluntários são acompanhados e analisados pela equipe do programa social em conjunto com as comunidades terapêuticas e, após avaliação, têm a possibilidade de reinserção no mercado de trabalho ou encaminhamento para o primeiro emprego.

 

Ministério fiscalizará rastreabilidade

Ação será realizada nesta terça-feira, 3 de setembro

A Ceasa (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul), vinculada à Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, é uma das sete centrais do país que serão fiscalizadas esta semana pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para verificação do cumprimento da rastreabilidade dos produtos vegetais frescos pelos agricultores. A ação na Ceasa acontecerá amanhã, dia 3.

Esta medida foi anunciada em agosto pelo coordenador-geral de Qualidade Vegetal do Mapa, Hugo Caruso, e pela auditora federal, Helena Pan Rugeri, em visita a Ceasa.

“Na prática, os fiscais do Ministério irão parar alguns caminhões na entrada das centrais para verificar os dados das notas fiscais e dos rótulos das caixas de mercadorias, que têm que estar em conformidade com a legislação”, informou a Agricultura.

Entre os produtos que serão fiscalizados e terão de estar identificados estão os cítricos, maçã, uva, batata, alface, repolho, tomate e pepino, produtos do primeiro grupo cuja fiscalização entrou em vigor no último dia 1º de agosto.

A nota do Mapa também fala em cenoura, batata doce, beterraba, cebola, alho, couve, agrião, almeirão, brócolis, chicória, couve-flor, pimentão, abóbora e abobrinha, melão, morango, coco, goiaba, caqui, mamão, banana e manga.

Nos próximos meses, será feita nova fiscalização nas centrais com a coleta de amostras dos produtos que não tiverem a rastreabilidade, para a análise dos resíduos de agrotóxicos. Em caso de irregularidade os comerciantes serão responsabilizados.

Segundo o presidente da Ceasa, Ailton dos Santos Machado, neste primeiro momento, os fiscais não irão multar os produtores que não estiverem em conformidade com a lei, apenas expedir notificações de advertência.  A equipe da Ceasa vai ajudar a identificar os caminhões com os oito produtos do primeiro grupo no momento em que eles apresentarem o talão de notas no pórtico. Os veículos então serão inspecionados pelos fiscais do Mapa no espaço destinado à Auditoria de Cargas.

— Não é um auto de infração, é uma notificação de advertência, dizendo que a lei já está em vigor e que o produtor deveria estar com os produtos rotulados de acordo com a instrução normativa Nº 02 de 2018 — explicou Ailton.