O complexo da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul), empresa de economia mista vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), segue atraindo olhares e despertando a atenção de engenheiros, arquitetos e estudantes do Brasil e do exterior encantados com as curvas que modelam seus pavilhões e adornam o pórtico de entrada e outros prédios. Seu projeto arquitetônico histórico e inovador é tema de pesquisa em Veneza, na Itália. Em 2020, foi tese de mestrado aprovada com louvor em Valência, na Espanha.
Apesar da ação do tempo e da dificuldade de conservação do conjunto de imóveis, que em 2024 completará 50 anos, todos os visitantes, sem exceção, citam a Ceasa como exemplo de arquitetura moderna que se destaca pelo planejamento do espaço e, principalmente, pela qualidade estética de suas estruturas de telhado, feitas em abóbadas (cobertura curvada) e outras técnicas similares.
Atualmente os prédios do maior entreposto de hortigranjeiros do Estado, especialmente o Pavilhão dos Produtores, são objeto de análise de uma estudante de arquitetura da Universidade IUAV de Veneza, na Itália. Por e-mail, a aluna Sara Marseglia solicitou informações, imagens, tabelas e detalhes da construção, que remonta à década de 1970, e de seus principais autores, os arquitetos Carlos Maximiliano Fayet (1930-2007) e Cláudio Luís Gomes de Araújo (1931-2016), duas referências na arquitetura do Rio Grande do Sul (Carlos Eduardo Dias Comas e José Américo Gaudenzi também integraram a equipe).
A italiana também pediu referências do engenheiro e arquiteto uruguaio Eladio Dieste (1917-2000), que criou a técnica denominada cerâmica armada, ajudou a calcular a estrutura e foi autor do projeto de cobertura dos pavilhões. O material foi encaminhado para a estudante, que agradeceu e ficou de manter a Ceasa informada sobre o andamento de sua pesquisa.
Tese de Mestrado em Valência
Há três anos, a arquiteta gaúcha Maria Lourdes Seadi teve seu trabalho acadêmico, aprovado com louvor, na Universidade Politécnica de Valência, na Espanha. De volta, após a defesa da tese, ela foi recebida na Ceasa pelo presidente Ailton dos Santos Machado e pelo gerente operacional Paulo Regla, oportunidade em que falou sobre o mestrado em Conservação do Patrimônio Arquitetônico. Nesse trabalho, Maria Seadi analisou as fachadas em arco e os tipos de abóbadas existentes nos prédios e foi além: apontou a necessidade de preservação do complexo de 420 mil metros quadrados inaugurado em 1974. No dia 8 de março de 2024, a Ceasa completará 50 anos de existência e, como se vê, continua protagonista em duas frentes: garantindo o abastecimento da população gaúcha e despertando o interesse e a curiosidade de estudantes, arquitetos e engenheiros do Brasil e de outros países.
Imagens do projeto original. Em uma das fotos estão os arquitetos gaúchos Carlos Maximiliano Fayet e Cláudio Luís Gomes de Araújo (de bigode).