Da Banca do Coco, no antigo Mercado Livre, que funcionava à beira do Guaíba na década de 1960 — e hoje existe apenas em velhas fotografias, aos boxes 11 e 12, no Pavilhão D2 da Ceasa, são 56 anos de história da família Kalisiensky no ramo de hortifrútis. Metade desse tempo ou, para ser preciso, os últimos 25 anos, serão festejados na próxima segunda-feira, 6 de junho, pelos descendentes poloneses à frente da FrutShop Comércio de Frutas Ltda, empresa aniversariante que já foi Citricasul e, antes dessa, Frucel.
Ronaldo, os filhos Fernando e Marcelo, e a nora Patrícia, ampliaram o patrimônio herdado do patriarca Bruno Kalisiensky seguindo passos de cartilhas que levam ao sucesso empresarial. Além de conhecer profundamente o mercado em que atuam e profissionalizar a gestão, eles agregaram qualidade aos produtos e investiram em estratégias e processos eficientes.
Motivos para a comemoração não faltam, a começar pela estrutura inovadora que une a terceira geração da família, conectando Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Orlando, nos Estados Unidos. Enquanto Fernando supervisiona as vendas e o atendimento na Ceasa, Marcelo e Patrícia cuidam da administração e da área financeira diretamente de solo americano. O casal mora no estado da Flórida e de lá mantém contato, em tempo real, com funcionários da empresa na capital gaúcha.
“Todos os documentos são digitalizados e enviados para um banco de dados em que ambos têm acesso”, explica Patrícia.
Nos anos 1960, em que a tecnologia começava a discutir o uso da informática para fins comerciais e as distâncias não haviam sido encurtadas, a vida era ganha olho no olho e ao rés do chão. A empresa começou vendendo coco seco na Doca das Frutas, depois maçãs e peras argentinas antes de iniciar a venda de cítricos. Atualmente, o mix de produtos incluí somente mamão, nas variedades papaia e formosa, melão espanhol e abacaxi pérola, frutas trazidas do Espírito Santo e da Bahia, estados das regiões Sudeste e Nordeste do país.
“Entre 1985 e 2000, plantamos mamão no Nordeste. Dois milhões de pés por ano. Com o passar do tempo, percebemos que não valia mais a pena e passamos apenas a comprar de lá e revender aqui”, explicou Ronaldo, que sempre está nos boxes ao lado de Fernando monitorando tudo.
Por mês, a FrutShop vende cerca de 150 toneladas de frutas para uma carteira de clientes que inclui redes de supermercados, restaurantes e pequenos comércios de bairros, que podem identificar de onde as frutas vieram, que caminhos percorreram e como foram produzidas, graças ao sistema de rastreabilidade adotado pela FrutShop. Medidas que valorizam o produto, dão credibilidade à empresa e respeitam o consumidor.
Ronaldo lembra que o pai [Bruno Kalisiensky] transferiu a banca da Doca das Frutas para o Mercado do bairro Praia de Belas antes de se instalar na sede da Ceasa, na Zona Norte, o que viria a acontecer em 1974, ano de inauguração do complexo no bairro Anchieta. Na época, a empresa chamava-se Transporte de Frutas e Legumes Maringá e ocupava os boxes 1 e 2 do pavilhão A-1, onde hoje localizam-se comerciantes de ovos. De lá pra cá, ela cresceu e se modernizou.
A família acredita que a experiência meritória se deve ao “trabalho duro, honesto e de muita resiliência”, pois, apesar de enfrentar muitas crises no Brasil, seguiram no ramo, com ótimos resultados, gerando empregos e inovando nesse segmento. O impacto da pandemia obrigou a FrutShop a uma pequena reestruturação sem afetar o desempenho das atividades. Quatro caminhões frigoríficos fazem a entrega dos pedidos mantendo a qualidade das mercadorias, que chegam ao destino final em ótimas condições.
“As frutas chegam aqui em carretas. No verão, recebemos mamões, melões e abacaxis sete vezes por semana”, acrescenta Fernando, que ingressou na empresa com a missão de conquistar novos clientes e desbravar outros mercados. Para os Kalisiensky, isso é só uma questão de tempo.
FrutShop vende cerca de 150 toneladas de frutas por mês

Ronaldo e Fernando monitoram tudo de perto

