Segundo a coordenadora do Banco de Alimentos, Rosandrea Vargas, o aumento do volume de doações no começo deste ano surpreendeu e foi fundamental para a expansão do Prato Para Todos. Em janeiro e fevereiro, o programa recebeu 239 toneladas de hortifrutigranjeiros do excedente comercializado pelos permissionários. No mesmo período de 2019, ingressaram 78,9 toneladas (um terço do volume destinado em 2020). O número de entidades cadastradas passou de 140 para 162. O de famílias atendidas, de 150 para 195. Parece pouco, mas a quantidade de beneficiados forma uma multidão.
Depois de selecionadas e lavadas, frutas, legumes e verduras são destinadas para as instituições assistenciais e famílias carentes cadastradas no Prato Para Todos. Os hortifrútis doados complementam a alimentação mensal de cerca de 60 mil pessoas atendidas por associações comunitárias, creches, asilos e uma pequena parcela da população de baixa renda.
As fotos desta quinta-feira na fila no Portão D comprovam o sucesso dessa ação solidária que beneficia os que mais precisam: desempregados, idosos, donas de casas e aposentados residentes em vilas e nas periferias das cidades.
Um ano de recordes
Em 2019, o Prato Para Todos atingiu as suas maiores marcas. Graças à doação do excedente comercializado pelos permissionários, o Banco de Alimentos distribuiu 658 toneladas de hortifrútis para instituições e destinou 48,9 toneladas de frutas, legumes e verduras para famílias carentes.
Dentre os milhares de beneficiados está a dona de casa Mareci Pinheiro Borges, 56 anos. Toda quarta-feira ela percorre cerca de 10 km para vir até a Ceasa, no bairro Anchieta, e voltar para casa, na Vila Farrapos, com as sacolas abarrotadas de hortifrútis.
— Arroz e feijão a gente põe na mesa, mas o resto é muito difícil. Não sobra dinheiro para comprar — revelou.
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Distribuição de alimentos é semanal
Uma vez por semana, o Banco de Alimentos distribui frutas, legumes e verduras para famílias, entidades e associações comunitárias cadastradas no Prato Para Todos. As instituições recebem os alimentos de segunda a sexta-feira no período da tarde. As pessoas carentes (aposentados, donas de casa, idosos e desempregados) retiram os kits no portão da Ceasa nas manhãs de quarta, quinta e sexta-feira.
Programa tem três eixos:
Assistência alimentar
— Distribuição de hortifrutigranjeiros excedentes doados por produtores e atacadistas para 162 beneficiados (creches comunitárias, instituições filantrópicas, asilos e entidades oficialmente registradas que tratem de crianças ou pessoas em vulnerabilidade social). As entidades retiram os alimentos uma vez por semana na Ceasa.
— Distribuição de alimentos no portão da Ceasa. Entrega de kits com hortifrútis para a população de baixa renda cadastrada no programa social. São beneficiadas 195 famílias. Na fila, geralmente estão idosos, donas de casa, aposentados e desempregados. A entrega dos kits é feita às quartas, quintas e sextas-feiras pela manhã.
Ação educacional (à espera da assinatura de novo convênio entre governo do Estado, Ceasa e Sesc-RS)
— O eixo educacional é composto por um ônibus-escola equipado com uma cozinha industrial, com capacidade para 24 lugares, doado pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre. No ônibus-escola uma equipe de nutricionistas do Sesc oferece oficinas de combate ao desperdício e aproveitamento de alimentos. São ensinadas receitas de aproveitamento integral dos alimentos, utilizando casca, folhas, talos e outras partes que normalmente são descartadas no lixo. O reaproveitamento representa uma economia de 30% a 50% no orçamento familiar. Mais de oito mil pessoas foram capacitadas em cerca de 300 oficinas realizadas em bairros, vilas, entidades sociais, associações comunitárias e órgãos públicos. Neste momento, a Ceasa aguarda a renovação da parceria para retomar a atividade.
Reinserção social
— O eixo de reinserção social está relacionado com as 13 comunidades terapêuticas parceiras, com pessoas que já concluíram o tratamento contra drogas e alcoolismo. São voluntários que prestam serviços ao programa, como arrecadação, seleção e distribuição de alimentos às entidades. Os voluntários são acompanhados e analisados pela equipe do programa social em conjunto com as comunidades terapêuticas e, após avaliação, têm a possibilidade de reinserção no mercado de trabalho ou encaminhamento para o primeiro emprego. A Ceasa conta com o trabalho de 26 voluntários.