A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o resultado da análise da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Entre 2017 e 2018 foram monitoradas 4.616 amostras. Desse total, somente em 41 (0,89%) foram detectadas potenciais situações de risco agudo. Não foi encontrada situação de risco crônico.
Por outro lado, 23% dos alimentos analisados têm resíduos de agrotóxicos acima do limite permitido ou proibidos para cultura. Os resultados fazem parte do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos (Para) e foram revelados na terça-feira, 10.
Segundo o levantamento, em 77% das análises foi constatada ausência de resíduos de agrotóxicos ou a presença de ingredientes ativos dentro do limite permitido pela agência, ou seja, seguras para consumo. Das 23% das amostras onde foram vistas inconformidades, 17,3% tinham resíduos de ingredientes ativos não permitidos para aquela cultura; 2,3% tinham ingrediente ativo acima do limite permitido; 0,5% apresentaram ingrediente ativo proibido no país; e 2,9% tiveram mais de um tipo de inconformidade.
Analisados 14 tipos de legumes
Na rodada anterior do programa, divulgada em 2016, amostras analisadas entre 2013 e 2015, o percentual das que foram consideradas insatisfatórias foi de 19,7%. A Anvisa diz que não é possível a comparação porque a metodologia mudou.
Desta vez, a agência avaliou 4.616 amostras de 14 tipos de legumes, cereais e frutas encontrados em supermercados de 77 municípios em todo o Brasil — exceto no Paraná, que optou por não fazer parte do programa a partir de 2016.
Foram pesquisados 270 agrotóxicos em abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Segundo a Anvisa, esses alimentos representam cerca de 30% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira.
Avaliação de risco
A Anvisa também verificou o risco à saúde de acordo com dois critérios: agudo (para consumo esporádico) e crônico (consumo prolongado).
Entre as amostras, 0,89% apresentaram potencial de risco agudo, ou seja, podem causar, em um período de 24 horas, reações como dor de cabeça e náusea após o consumo de uma grande porção de um alimento com nível elevado de resíduo de agrotóxico.
Os maiores percentuais apareceram em amostras de laranja, goiaba e uva.
Neste caso, a Anvisa fez a comparação com a rodada anterior, informando que, em 2016, esse índice era de 1,11%. Nenhum agrotóxico apresentou potencial de risco crônico para o consumidor, relatou a Anvisa. Foi a primeira vez que o Para considerou esse tipo de dano. Neste caso, foram considerados os dados de mais de 15 mil amostras de 28 alimentos, coletadas no período de 2013 a 2018.
Matéria de Rafaela Vianna (TV Globo) + G1